22 de nov. de 2011

Cisnes Selvagens


Jung Chang (1952), a autora do livro acima, conta a história da sua própria vida, da de sua avó e de sua mãe, com permeios da história da China do século XX.

O que senti à primeira impressão da leitura foi opressão. Há uma riqueza cultural e espiritual imensa no povo chinês desde sempre porém, toda sua glória parece permanentemente sufocada, seja por motivos políticos ou tradição cultural. Melhor analisando, consegui enxergar a sabedoria impressa no silêncio daquelas pessoas diante do contexto de vida. "Silencio sábio" nas atitudes das familiares de Jung.

Em seu elaborado texto, a escritora faz referência ao antigo modelo imperial chinês vaidoso e cheio de caprichos que submetia a população humilde, mas o relato mais aprofundado é da China pós imperial do século XX.

As chinesas nesta época eram dadas pelos pais em casamento ou vendidas como concubinas, sendo então objeto de negociação das famílias. Viviam sob a aceitação de ser mais uma entre várias mulheres de um marido patriarcalista, sufocando  qualquer sentimento contrário a tradição. Silenciosas engoliam opressão e humilhação ou nem sentiam contrariedade devido a força da tradição de então. Obedeciam a um rígido padrão de beleza, sacrificando até a deambulação com pés necróticos e malcheirosos enfaixados para se manterem pequenos.

Com a queda do imperialismo os chineses viveram um governo de caudilhos e posterior domínio do violento exército Kuomintang. Morte nas ruas e um "cale-se " permanente fizeram a mãe de Jung Chang crescer indignada com o sistema, porém sem grande movimento de libertação visto o risco que corriam os insurretos diante dos banhos de sangue no país.

Então veio o comunismo com uma proposta de igualdade e fim da opressão. A mãe de Jung entrou para este forte sistema ideológico com muita esperança de paz. Acontece que nem ele libertou o povo chinês da tensão.

Na imposição doentia de igualdade Mao Tse Tung, o presidente da China comunista, melhorou alguns aspectos sociais, mas não fez uma economia de qualidade, sufocou ferozmente o indivíduo e a violência do pais só foi maquiada, não extinta.

Jung Chang conseguiu sair do país para estudar no ocidente, sob vigilância chinesa, mas com um pouco mais de liberdade que suas antepassadas. Pôde então escrever "Cisnes Selvagens" após ouvir horas de gravação de relatos de sua mãe.

Para nós ocidentais de gerações nascidas em sistemas democráticos, a história dos admiráveis chineses é assustadora.

Hoje não é liberada a versão integral de "Cisnes selvagens" na China, mas alguns exemplares já entraram no país através de malas de leitores e se espalham por lá.

Livro longo, um pouco prolixo, mas acrescenta muito culturalmente e emociona.

15 de nov. de 2011

A Última Grande Lição


Eu havia lido a obra de Mitch Albow há uns dez anos, quando era estudante de medicina e repeti a leitura recentemente quando na Estratégia de saúde da família, meu trabalho, tive que acompanhar em domicílio uma paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

Em "A Última Grande Lição" o autor relata suas conversas periódicas com um sábio professor de sociologia, seu amigo, o qual é portador de ELA, uma doença que diminui progressivamente as funções motoras do indivíduo levando à incapacidade física e morte. Nesses encontros o professor fala de como alguém com uma doença de prognóstico assim tão fechado encara a vida. Eles discutem temas como família, trabalho e morte de forma reflexiva.

Tanto nessa leitura como na convivência com Rose, minha paciente, percebi que a iminência da morte torna as pessoas mais atentas ao que vale realmente a pena, influenciando todos ao seu redor a ter mais amor e tranqüilidade no convívio e no modo de olhar o precioso viver.

Recomendo muito este livro. Leitura rápida, simples e comovente.

9 de nov. de 2011

Tempo de Esperas

É meio redundante comentar "Tempo de Esperas" porque fala-se muito dele na imprensa. Mas eu não poderia deixar de falar de uma obra tão primorosa do meu ídolo Padre Fábio de Melo, fenômeno da intelectualidade, dedicação, carisma e poder de comoção.

Seu novo livro é simples na linguagem e gostoso de se ler. Nele, um estudante de filosofia escreve a um professor aposentado pedindo informações sobre a dor do amor à luz da filosofia. O professor responde de forma simples, induzindo o moço a plantar um jardim.

Nas várias trocas de cartas entre os dois enxerga-se o quanto a vida vista de forma mais singela é descomplicada e leve, e que para se encontrar a plena felicidade é preciso saber esperar.

Envolvente como "Cartas entre amigos", escrito por Fábio de Melo e Gabriel Chalita e tocante como "Quem me roubou de mim", primeira obra famosa do querido padre.

Vale muito a pena ler todos estes que eu cito aqui.

O que as esposas não devem fazer

Em 1913 a autora Blanche Ebbut escreveu "O que as esposas não devem fazer" e "O que os maridos não devem fazer".

Atualmente a editora sextante publicou as duas obras num livro só.

Apesar de ter dicas bem antiquadas, as vezes até machistas, o livro é bem divertido, um ótimo passatempo. Na verdade a estrutura dos casamentos mudou um pouco, mas a essência: amor, tolerância, necessidade de gentileza recíproca e altruísmo continua igual.

O livrinho de poucas páginas nos faz pensar se o bom marido é bom por si só ou é bom porque também somos uma boa esposa. A minha conclusão é que um bom marido (e o meu é) se faz com uma pessoa boa mais um ambiente conjugal favorável...conclusão nem um pouco brilhante!

Médico de homens e de almas

Um clássico obrigatório na vida é "Médico de homens e de almas". A autora Taylor Caldwel (1900-1985) pesquisou por 46 anos a vida de São Lucas e a introduziu num romance com roteiro fictício.

A base real desta ficção é tão sólida e nos mostra muito de História Antiga, do Império Romano, detalhes de Roma e da cultura de vários povos conquistados. Há de forma rica muito da cultura egípcia, grega, judaica, da forma de pensar de cada povo, da organização política da  época.

Interessante como é feita a leitura da corrupção da democracia e honra no Império Romano, e da visão do populacho ávido por pão e circo mesmo que isso seja lhe dado em favor da vida rica dos governantes. 

Tudo muito semelhante a tempos atuais. As perspectivas dos personagens reais e fictícios  da obra, em sua erudição, são muito pertinentes a vida moderna.

E em meio a tanta tanta história e cultura a autora introduz a alma da obra: a transformação espiritual de Lucano, depois chamado de São Lucas. Lucano, escritor do grandioso evangelho mesmo sem ter conhecido pessoalmente Jesus Cristo, faz o leitor descobrir o que é primordial na vida humana, o que a diferencia de vida animal instintiva: o encontro com Deus.

Um livro perfeito, maravilhoso.

A Batalha do Apocalipse

A Batalha do Apocalipse. Que livro esplêndido! O autor é genial!! É impressionante a riqueza do livro.

Ele narra a saga de um anjo, Ablon, renegado pelos arcanjos, desde a criação do mundo até o apocalipse.

Se Eduardo Spohr só narrasse as inúmeras batalhas da sua obra já seria um livro grandioso. Acontece que o prodígio amarrou uma ficção deliciosa a fatos da história real da humanidade, além de mostrar sua própria interpretação de todas as faces da espiritualidade humana.

Já no início há uma cena em que Ablon se encontra com Orion, um personagem lindo, no Cristo Redentor, Rio de Janeiro. Transmite-se por escrito exatamente o cenário espetacular daquele lugar, o que me fez pensar "que filme maravilhoso daria esse livro".

O autor nos leva a participar da construção da torre de babel, de batalhas da Idade Média, da tomada de Constantinopla, nos faz sentir o clima exato do momento histórico da vida de Jesus Cristo.

Durante a leitura sente-se a impressão de estar enxergando a vida na Terra de uma outra dimensão. A obra, além de nos chocar com um apocalipse provável e próximo, nos mostra realmente quem é o ser humano.

O homem é um ser frágil (de barro), mas em sua fragilidade é o mais amado por seu criador e que recebeu o maior dos presentes de Deus (não dado a nenhuma outra criatura) : o livre arbítrio.

Depoimento da autora deste blog

Que a mulher de hoje é multitarefas isso já é assunto repetitivo. Somos mesmo mães, donas de casa, profissionais, esposas, tudo ao mesmo tempo. O que ainda é novidade é acertar uma forma de ser isso tudo sem ter depressão, angustia e outras doenças orgânicas consequentes de stress e sobrecarga. O organismo da fêmea humana não é projetado para ser co-provedora da casa (algumas até provedoras), caçar, alimentar os filhotes e cuidar do macho e da cabana. Isso tudo pode até nos realizar como vencedoras, mas cansa!

Deixar porém essa vida de liberdades e direitos conquistados com luta de nossas antepassadas feministas não seria justo. Então o desafio da nossa geração é estruturar bem uma nova forma de viver, aliando vida moderna com atitudes tranquilizadoras. Talvez organizando o tempo assim:

  • Tempo para amar uma vida simples
  • Tempo para trabalhar
  • Tempo para organizar um time de colaboradores (como familiares, boas empregadas domésticas, um terapeuta dedicado e bem amigão). Sim porque não somos ninguém sozinhas.
  • Tempo para olhar nos olhor dos filhos, cortar suas unhas, ver suas tarefinhas, brincar um pouquinho e ser SÓ deles nem que por alguns minutos.
  • Tempo para dar atenção para os maridos
  • Tempo para se olhar (para os cabelos, unhas, pele) e se exercitar
  • Tempo para ligar para as pessoas queridas.
  • Tempo  para meditar ( em casa, na igreja, num templo)
  • Tempo para uma paixão

Se a paixão for como a minha, os livros, fica fácil porque dá pra curtí-la em qualquer brechinha de tempo (no banheiro, no metrô, no ônibus, antes de dormir, entre uma consulta e outra.).

A mulher de hoje é multitarefas e sabe esticar o tempo.